Segregações vertical e
horizontal comandam o cenário
Depois
do carnaval, uma viagem no tempo comprova que a mulher deixou o lar, delegou a
educação dos filhos e começou a obter o seu próprio dinheiro. O cenário parece
auspicioso: o sexo dito frágil sai de casa, liberta-se do cordão masculino,
apresenta-se como um membro da sociedade emancipado e autossuficiente.
Contudo... o panorama não é tão agradável assim.
Não
se pode negar a maior suscetibilidade feminina no que concerne ao desemprego. A
taxa de desemprego da mulher é sensivelmente mais insinuante do que a do homem
(homens: 6,4%; mulheres ascendeu aos 8,3%, segundo INE – 2006).
A
máxima “salário igual para trabalho de valor equivalente” é rotineiramente
adulterada. Em média, os salários das mulheres são inferiores aos dos homens,
mesmo nos níveis de qualificação mais elevados, pontua a advogada Luciane
Faraco, especialista em Direito Civil.
A
condição de que qualquer situação desviante da norma é punida acontece: na
teoria; veja-se o caso da gravidez, por exemplo. Quantas mulheres são demitidas
pelo fato de terem engravidado? Não raras são as entrevistas de emprego que
levantam a questão: quando pretende ter filhos? Mais. Quantas mulheres protelam
a maternidade em virtude dos desejos da entidade patronal?
As
mulheres são maioria nas universidades. Mas será que detêm o mesmo status que
os homens? Por um lado, há uma concentração feminina em um conjunto restrito de
atividades profissionais: serviços pessoais e domésticos; saúde; ação social e
educação – segregação horizontal. Por outro, a nível da verticalidade do
mercado de trabalho, verifica-se uma maior prevalência das mulheres nos níveis
inferiores da hierarquia profissional, ou seja, à medida que aumentam os níveis
de qualificação, a concentração feminina diminui – segregação vertical.
A
violência laboral, explica a advogada, transfigurada no assédio moral e sexual
persiste entre indivíduos. O assédio moral corresponde a tentativas de
descredibilizar, escarnecer e menosprezar - manifestadas por um indivíduo em
relação a um que lhe é hierarquicamente inferior. Esta forma de violência é,
frequentemente, exercida especialmente sobre mulheres. O assédio sexual
consiste num comportamento de matriz sexual indesejado por quem é objeto da
mesma. Traduz-se em suborno sexual (a vítima é aliciada com oportunidades de
formação profissional, promoções, aumento de salário se aceder aos “pedidos”
que lhe são colocados); comentários inoportunos, agressões físicas, posturas
sexuais.
“Nem
tudo o que parece, é”. A menção desta expressão não poderia ser mais oportuna.
O fato de as mulheres participarem no mercado de trabalho não significa que
detenham o mesmo status e oportunidades que os homens. A igualdade em sua
dimensão está longe de ser uma realidade. Ela pode ser conquistada, mas para
tanto precisa ser refletida.
Nenhum comentário:
Postar um comentário